O impacto da PrEP para além do que se vê
- Thiago Cherem Morelli
- 29 de mai.
- 2 min de leitura
Existe um impacto subjetivo relacionado ao uso da PrEP que não vai ser avaliado nos indicadores e no monitoramento clínico da profilaxia: a possibilidade de uma parte dos seus usuários poderem ter relações sexuais sem medo.
Para algumas pessoas isso pode parecer absurdo, pelo medo de contrair o HIV se tratar de uma experiência tão distante. Para algumas populações o medo reside em outras esferas: o medo de uma gestação não planejada, o medo de não manter a ereção, o medo de sentir dor durante a relação.
Mas esse medo desproporcional de contrair o HIV, muitas vezes adicional a esses outros medos, se configura enquanto vivência específica de algumas pessoas, especialmente no caso de homens cis gays e pessoas trans, que nasceram na década de 70, 80 e 90. As campanhas de prevenção por muito tempo se pautaram nesse medo. E isso afastou pessoas de buscarem a testagem para eventual diagnóstico, ainda reforçou o estigma.

Essas populações sofreram direta ou indiretamente os impactos da epidemia de aids, com a utilização dessa pauta para intensificar o preconceito, a violência e a retirada de direitos. Então, mesmo utilizando o preservativo e tomando cuidados adicionais, existe uma sensação mais forte que impede essas pessoas de relaxarem e se permitirem a ter direito a ter prazer.
Esse é um dos motivos da mudança de indicação da PrEP no último protocolo do Ministério da Saúde, que permite que o desejo de utilizar a PrEP seja um desses critérios. Ou seja, por mais que a pessoa não tenha histórico de infecções sexualmente transmissíveis, ou que utilize preservativo de forma consistente nas relações, a PrEP pode ser benéfica para permitir com que essa pessoa tenha suas experiências sexuais sem um medo desproporcional de contrair o HIV.
Se você sente esse medo de contrair o HIV ou de outras preocupações relacionadas à saúde sexual, agende uma consulta para pensar nas melhores estratégias de prevenção indicadas para você!
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